Responda sinceramente: quando você mistura todo seu “lixo” naquele saco preto, coloca para fora e o lixeiro leva, para onde seu lixo está indo? Você sabe dizer? Já parou para pensar a respeito? Imagine a hipótese do seu saco de lixo ser levado para um local inadequado, sem tratamento e que polua o meio ambiente. De quem seria a responsabilidade? Do poder público? Só? Se você respondeu “não sei” para a pergunta inicial, perceba que a responsabilidade pode ser sua também.
Mas vamos lá. Se você mora em Botucatu, a hipótese acima felizmente não traduz nossa realidade. Até 1994, Botucatu depositava seus resíduos sólidos em uma área situada no Bairro Vila Real, era o antigo lixão da Vila Real. A partir daquele ano, todos os resíduos sólidos coletados na área urbana e rural do município passaram a ser destinados para o Aterro Sanitário Municipal, localizado na Rodovia Eduardo Zucari, Km 2,5, área que pertencente à Bacia Hidrográfica do Paranapanema. O aterro possui licença de operação emitida pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB.
Apesar do Aterro Sanitário ser a modalidade mais adequada para disposição final, vocês devem se lembrar que nas postagens anteriores falamos que resíduos (como os recicláveis secos e os orgânicos) não devem ir para aterros (apenas rejeitos) e falamos também dos impactos que um aterro pode causar.
Destas 100 toneladas geradas diariamente (mais de 3 mil toneladas por mês), infelizmente 95% vai direto para o aterro sem nenhum tipo de reaproveitamento ou reciclagem. Agora, vejam só, de todo resíduo sólido gerado:
- Mais de 60% corresponde a resíduos orgânicos, que poderiam ser encaminhados para a compostagem;
- Quase 25% corresponde a resíduos recicláveis secos, que poderiam ser encaminhados para cooperativas e associações de catadores;
- Apenas 15% corresponde a rejeitos, e apenas esta fração deveria ir para o Aterro Sanitário Municipal.
Estes são os dados oficiais do município e estão contidos no Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Botucatu - PMGIRS, instituído pelo Decreto n. 10.721, de 21 de setembro de 2016. O PMGIRS é uma ferramenta fundamental e obrigatória para a gestão dos resíduos em qualquer município. Em Botucatu, ele foi elaborado pelo poder público municipal em 2016, tendo sido submetido à análise do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (COMDEMA) e deve ser atualizado a cada 4 anos, a partir de sua data de aprovação, portanto, neste ano de 2020 ele deve ser revisto e atualizado para que possamos alcançar patamares muito melhores na gestão dos nossos resíduos.
A coleta seletiva dos recicláveis secos não cobre a cidade inteira (pelo sistema porta a porta) e não contribui significativamente para a redução do volume dos resíduos coletados pela coleta convencional. Além do passivo ambiental e da diminuição da vida útil do aterro, esta realidade acarreta no aterramento de materiais com agregado econômico, ou seja, resíduos com potencial para a comercialização, geração de trabalho e renda e economia de recursos naturais.
Com relação aos resíduos orgânicos, os índices de reciclagem são ainda mais baixos. O poder público não oferece a coleta seletiva dos orgânicos. Este serviço é prestado somente pelo Ciclo Limpo no município, sistema através do qual os munícipes devem se associar. Se 60% dos resíduos sólidos urbanos gerados são resíduos orgânicos, isso significa que a cidade gera cerca de 60 toneladas por dia destes resíduos que poderiam, ao invés de serem enterradas, serem compostadas, gerando mais de 15 toneladas de composto orgânico todo o santo dia.
Não existe outra forma de terminar esse texto a não ser dizendo que a responsabilidade pela gestão de resíduos de um município é de TODOS NÓS. É do poder público, das empresas, dos fabricantes, dos fornecedores, MAS TAMBÉM É NOSSA RESPONSABILIDADE ENQUANTO CIDADÃOS. Se o exemplo e a atitude não partir de nossas casas, dificilmente uma sociedade mudará a forma como lida com seus resíduos. Dificilmente estes números incipientes se transformarão.
Reduza. Reutilize. Separe. Incentive a reciclagem. Incentive a compostagem. Está nas suas mãos.
TEXTO: DANUTA CHMIELEWSKA