Como já explicamos nas publicações anteriores, aquilo que jogamos “fora” pode ser dividido em, basicamente, dois tipos: os rejeitos, que devem ser encaminhados a aterros sanitários por não serem passíveis de reuso ou processo de transformação e os resíduos, que são a porção reaproveitável, mas que não nos servem mais em dado momento. No Brasil, cerca de 80% do que jogamos na lixeira é resíduo e deveria, de acordo com nossa legislação, ser recuperado ou reciclado por algum processo, nem chegando a ser disposto em aterros sanitários. Deste total, algo em torno de 30% é resíduo reciclável seco, onde classificamos os papéis, plásticos, metais e vidros, além de alguns materiais cuja reciclagem ainda é pouco realizada devido a dificuldades técnicas, como os eletrônicos por exemplo. Todo o restante, ou seja, METADE do que jogamos na lixeira, é RESÍDUO ORGÂNICO.
O resíduo orgânico é todo material de origem biológica. É proveniente de animais, vegetais, fungos, entre outros ou mesmo parte destes. Nós geramos resíduos desta natureza em casa, sobretudo em nossa alimentação, e também em processos agrícolas e industriais.
Exemplos de resíduos orgânicos são cascas de frutas, legumes e verduras, restos de pães, salgados e bolachas, filtro e borra de café, saquinhos e ervas de chás, guardanapo de papel sem tinta / caixa de papelão sem tinta (papéis em geral, sem tinta), resto de comida cozida, estragada, restos de poda, galhos e folhas secas, aparas de grama, etc (veja uma lista completa do que é resíduo orgânico em https://www.ciclolimpo.com/blog/12-o-que-pode-e-o-que-nao-pode-ir-pro-baldinho-do-ciclo-limpo.
O notável é que este tipo de resíduo é o único que podemos reciclar em nossas residências! Os rejeitos não possuem metodologias técnicas ou econômicas viáveis. Os recicláveis secos sempre dependem da separação domiciliar e industrial, mas precisam de uma fábrica para processá-los. Já os resíduos orgânicos podem ser destinados corretamente dentro de nossas casas, através de técnicas de compostagem domésticas, como o minhocário, o enterramento ou o empilhamento, por exemplo. Todas estas opções transformam o resíduo orgânico em composto, um fertilizante de ótima qualidade que pode ser utilizado na produção de hortaliças caseiras, vasos de plantas ornamentais ou mesmo doado.
Outra opção é destinar estes resíduos a programa ou projetos que fazem a compostagem em larga escala, como é o caso do Ciclo Limpo em Botucatu. Este material compostado pode, então, retornar ao solo, fertilizando-o em hortas comunitárias, vasos ou jardins residenciais ou em consórcio com pequenos produtores locais. Assim, compostar auxilia a coletividade a ter maior segurança alimentar, ajuda os pequenos produtores de alimentos e evita o uso de fertilizantes químicos para a produção de comida. Produzindo fertilizantes localmente, diminuímos nossa dependência de minerar nutrientes. Em geral, estas minerações destroem seu local de ação e demandam indústrias de transformação e transporte para chegar até as hortas, gerando diversos impactos ambientais.
Quando destinamos corretamente os resíduos orgânicos através da compostagem, resolvemos metade do problema, já que evitamos sua disposição final em aterros sanitários. Isso aumenta a vida útil dos mesmos, o que traz benefícios ambientais, e também benefícios econômicos, uma vez que o custo de um aterro é sufocante para muitas prefeituras. Os maiores problemas que um aterro pode trazer são a produção de chorume e gás metano. Estes são oriundos dos resíduos orgânicos dispostos incorretamente nestes locais, causando mau cheiro, risco de poluição de lençóis freáticos e da atmosfera.
Assim, além dos benefícios ambientais e econômicos, a destinação adequada dos resíduos orgânicos também pode trazer benefícios sociais, uma vez que gera emprego e renda, na sua coleta, compostagem e aumento da atividade agrícola regional!
E você, está destinando seus resíduos orgânicos adequadamente? Nós podemos ajudar!
TEXTO: André da Silva Nadal Marcos
FOTO: Flávio Kenji