Nosso país gera resíduos suficiente para encher um estádio de futebol a cada 2 dias! Em média, cada brasileiro gera pouco mais de 1 kg de resíduos por dia. De todo esse resíduo gerado, cerca de 17 mil ton/dia sequer são recolhidas junto aos locais de geração. Há um número considerável de pessoas que não são alcançadas por serviços regulares de coleta porta a porta. Do montante que é recolhido diariamente, 90% é disposto no solo, sem nenhum tipo de reaproveitamento ou reciclagem: em lixões, aterros controlados ou aterros sanitários.
Mas qual é a diferença entre eles? Que impacto as diferentes formas de destinação dos resíduos geram no meio ambiente e na sociedade?
1 - Lixões: disposição dos resíduos a céu aberto sem nenhum controle ambiental ou tratamento. Além da produção do gás metano (CH4), um dos agravadores do efeito estufa, a decomposição da matéria orgânica gera o chorume, altamente poluente. Como o terreno dos lixões não é impermeabilizado, o chorume se infiltra no solo e contamina o lençol freático, com efeitos nocivos sobre a água, a flora e a fauna e o comprometimento da saúde pública. Somado a isso, tem-se a atração de vetores e doenças, além dos maus odores. O problema também ganha contornos econômicos e sociais, pois muitas pessoas tiram seu sustento desses locais insalubres, recolhendo o lixo para reaproveitar os materiais, sujeitando-se a contaminação e doenças.
2 - Aterros controlados: categoria intermediária entre os aterros sanitários e os lixões. Nos aterros controlados, o resíduo recebe uma cobertura de terra para minimizar o cheiro e a proliferação de insetos e animais. No entanto, o solo não é impermeabilizado adequadamente e não há sistema para tratamento do chorume.
3 - Aterros sanitários: A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), de 2010, determinou que os municípios substituíssem os lixões por aterros sanitários, considerados a forma de disposição mais adequada para o resíduo sólido urbano. Trata-se de áreas nas quais os resíduos são compactados e cobertos por terra. Têm sistema de drenagem que captam líquidos e gases resultantes da decomposição dos resíduos orgânicos. Desta forma, o solo e o lençol freático ficam protegidos da contaminação do chorume, e o metano é coletado para armazenagem e queima.
A disposição final adequada em aterros sanitários recebe cerca de 60% dos resíduos sólidos urbanos coletados. O restante ainda é despejado em locais inadequados por mais de 3 mil municípios. Ou seja, uma parte significativa dos resíduos sólidos urbanos ainda acabam indo para lixões (sim, mesmo estando proibido no Brasil, ainda temos mais de 1.500 lixões em operação no Brasil); ou para aterros controlados (17%), que não contam com um conjunto de sistemas e medidas necessários para proteger a saúde das pessoas e o meio ambiente contra danos e degradações.
O aterro sanitário é a forma mais adequada para a disposição final dos resíduos. No entanto, de acordo com a lei, os aterros sanitários deveriam receber apenas os rejeitos, ou seja, aquilo que não é mais passível de reciclagem ou reaproveitamento. Ou seja, praticamente todos os resíduos recicláveis secos (papéis, plásticos, vidros e metais) e os resíduos úmidos (orgânicos) deveriam ser encaminhados para processos de reciclagem e compostagem. Infelizmente, a realidade mostra que menos de 10% destes resíduos seguem este caminho.
Continuamos enterrando resíduos. Continuamos enterrando recursos. Precisamos mudar isso radicalmente. Precisamos mudar isso rapidamente.
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TEXTO: Danuta Chmielewska